Pavers: de olho, nada é garantia!

Por: Felipe Figueirôa de Lima Câmara; Engenheiro Civil, Técnico em Logística e Técnico em Edificações

A industrialização das construções avança com novos softwares de projetos, materiais cada vez mais tecnológicos, planejamento e gestão mais alinhados com a execução e, tudo isso, levando a produtividade para patamares mais eficientes e lucrativos. Precisa-se, contudo, estar atento.

Dentre as diversas metodologias construtivas existentes no mercado, o uso de elementos pré-fabricados de concreto armado e protendido (ou não) proporcionam maior velocidade de execução, exigindo menos espaço disponível no canteiro, além de redução na demanda de equipamentos e mão de obra.

No universo dos pré-fabricados, muito se fala da qualidade do concreto empregado na confecção dos artefatos, cujo foco se firma em suas capacidades mecânicas ou de durabilidade, principalmente quando se trata de elementos estruturais. Por outro lado, os elementos pré-fabricados não estruturais entram numa região de esquecimento ou descuido quando o quesito abordado é qualidade.

Elementos não estruturais, como é o caso dos pavers ou blocos intertravados em geral, são os que, com frequência, mais sofrem esforços e desgastes em um pavimento, por exemplo. Agora, imaginemos o investimento empregado na execução de um pavimento com movimentação de material, compactação e seu respectivo controle, locação de máquinas e equipamentos, hora-homem, entre outras ações esperadas e geradoras de custos. Todo esse valor investido na construção de um pavimento pode escoar ralo abaixo logo nos primeiros dias após a liberação do tráfego, por não ter sido dedicada uma atenção devida aos pavers utilizados no projeto.

A NBR 9781 apresenta especificações e métodos de ensaios desses materiais que, por sinal, apresentam diversas variáveis capazes de interferir não apenas na resistência mecânica dos elementos em si, como também na produtividade, no desperdício e na assertividade em relação ao projeto. Seja um paver do tipo dormido ou prensado, fatores como adensamento, compactação, cura, manuseio, acabamento das arestas e variação de dimensões são apenas algumas das interferências capazes de implicar que muitas peças de um mesmo lote não atendam aos critérios mínimos dispostos na concepção ou especificados em normas – mesmo que o fck de projeto esteja validado em dosagem testada e prévia de traço.

Embora poucos saibam, o SIAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras), dentro de seu programa da qualidade, orienta exigências mínimas de controle referentes a materiais e sistemas da construção civil, colocando-os, por exemplo, como requisitos mínimos para aportes financeiros oriundos de instituições públicas. Em suma, não se pode confirmar a qualidade de qualquer material sem medi-lo, avaliá-lo, ensaiá-lo, e, com os pavers, não poderia ser diferente. Ainda que sua aparência seja agradável e que a dosagem prevista inicialmente atenda às expectativas, conforme comentado anteriormente, muitos são os fatores que influenciam e condicionam a qualidade de um paver de concreto. A verdade é que, de olho, nada é garantia ou sinônimo de qualidade.

FONTE:

Conteúdo desenvolvido por Felipe Figueirôa de Lima Câmara; Engenheiro Civil, Técnico em Logística; Técnico em Edificações. Colaborador no Setor de Laudos da Tecomat Engenharia e instrutor do Instituto Engenheiro Joaquim Correia.