
Por: Matheus Mendonça, mestre em eficiência energética e Coordenador de análises de desempenho na Tecomat Engenharia; e Pedro Góis, Mestre em tecnologia das construções e Gestor do setor de Desempenho de Edificações da Tecomat, respectivamente.
É seguro afirmar que medidas de eficiência energética em edificações implicam em reduções do consumo de energia elétrica de modo que as condições ambientais acerca do conforto acústico, lumínico e térmico não sejam afetadas.
Também é possível afirmar, que a eficiência energética em edificações não está atrelada apenas à economia de energia. Seus frutos são estendidos à redução de impactos ambientais como, por exemplo, a redução dos efeitos causadores de ilhas de calor urbano e a atenuação das emissões de CO2, ambos os fatores se enquadram nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Nos processos de globalização e modernização, a eficiência energética se torna crucial para geração de competitividade e qualidade tecnológica às edificações. No cenário brasileiro, os setores de edificações residenciais, comerciais e públicas foram responsáveis por mais de 50% do consumo de energia elétrica em 2023. Esse índice reafirma o potencial estratégico de contribuição à eficiência energética que as edificações brasileiras possuem. Não é mera coincidência que, no contexto global, esteja sendo considerada uma política prioritária entre os países mais desenvolvidos.
A Lei 10.295/2001, popularmente conhecida como “Lei de Eficiência Energética”, foi o marco do Governo Brasileiro no que diz respeito às ações de desenvolvimento de mecanismos para promoção de eficiência energética, com a incorporação das edificações no portfólio de regulamentações a serem realizadas.
Uma das ações governamentais para fomento da eficiência energética em edificações, foi o lançamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações (PBE Edifica). O PBE Edifica, por sua vez, parametriza e classifica o nível de eficiência energética em edificações que parte do nível A até o nível E, mais eficiente e menos eficiente, respectivamente.
Em comparação aos outros setores, observa-se o crescimento expressivo do setor residencial no consumo de energia elétrica ao longo dos anos. Evidentemente, é de se esperar que o setor residencial supere a magnitude representada pelo setor industrial – de maior consumo. Dessa forma, investir em medidas passivas que permitam amortecer a velocidade de progressão do consumo energético, torna-se uma importante estratégia política. Tais estratégias se remetem à concepção de edificações projetadas para enfrentamento das variáveis climáticas locais, utilização de equipamentos mais eficientes etc.
Diante do exposto, é flagrante a necessidade de avanço nas soluções que propiciem maior eficiência energética para as edificações, pois trata-se de um setor relevante no que diz respeito ao consumo proveniente de energia elétrica.
A Caixa Econômica, maior agente financiador imobiliário do Brasil, já incentiva soluções com maiores eficiências energéticas em seu programa do selo casa azul. A NBR 15575 também apresenta critérios de eficiência energética no requisito de desempenho térmico, mesmo que apenas nos níveis intermediário e superior, que possuem caráter voluntário e são compatíveis com os critérios adotados na etiquetagem de edificações residenciais do PBE Edifica.
O município do Rio de Janeiro, por exemplo, possui o Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática (PDS) que, dentre as políticas propostas, dispõe sobre ações de eficiência energética para novas edificações e pode ser considerado como um município piloto para os demais. Ou seja, já existem no Brasil normas e regulamentos que versam sobre eficiência energética de edificações e acreditamos que, naturalmente e em pouco tempo, requisitos sobre o tema serão exigidos compulsoriamente, como acontece nos países mais desenvolvidos.
AUTORES
Matheus Mendonça, mestre em engenharia Civil na UFSC Coordenador de análises de desempenho térmico eficiência energética e certificações ambientais (sustentabilidade) para edificações na Tecomat Engenharia.
Pedro Freitas Góis, Mestre em tecnologia das construções e Gestor do Setor de Desempenho de Edificações da Tecomat Engenharia.